Sejam Bem Vindos!

Que todos que por aqui passarem, possam conhecer um pouco de mim.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DO PRIMEIRO FUSCA NINGUÉM SE ESQUECE



                       Foi lá pelos anos de 1963 que eu consegui ter o meu primeiro Fusca. Tinha 19 anos de idade então. Já tinha um emprego, estudava a noite na Universidade Estácio da Sá. Aquela, a pioneira que ficava na Rua do Bispo nº 83 lá no Rio Comprido.
            Eu tinha a mania de colocar apelidos nos meus carros, e o apelido do meu primeiro fusquinha era Geribaudo. Porque Geribaudo? Não sei, só sei te dizer que o meu fusquinha era de arrasar. Não tinha a cor de fábrica, mandei pintar de café metalizado, coloquei pneus mais largos na traseira, tinha bancos reclináveis e um rádio AM-FM com alto-falantes na frente e quatro na traseira. Alcançava a incrível velocidade de 120 km/h. Acho que somente o nosso Rubinho Barrichello seria capaz de pilotá-lo.
           Ah, mas se ele conseguisse falar, eu estaria perdido. O que aquele fusquinha presenciou nos seus bancos traseiros, os lugares que ele entrou, as pessoas que ele mansamente carregou, cara! daria para escrever um livro. Um livro só não. Uma enciclopédia.
           Certa vez, levei uma namoradinha para a bucólica praia do Grumari, que naquele tempo, só se acessava por um caminhozinho de pedras, num subida íngreme, cheia de curvas para chegar naquele paraíso entre a montanha, céu e mar. Naquela época não tinha nenhuma habitação por perto. Éramos, eu e ela, e o Geribaudo como testemunha. Roupas foram desprezadas, calçados também, e o radio ligado, ouvindo Johnny Mathis, interpretando “My Love for You”. A noite enluarada parecia uma criança arteira, a nos espionar entre nuvens preguiçosas. Mas tudo que é bom, não dura para sempre. Lá pelas tantas, estafados de tanto amor, resolvemos ir embora; mas Geribaldo talvez enciumado, resolveu atolar na areia branca e fina do Grumari. Um tanto assustado, com a hora avançada, tentei sair do atoleiro acelerando mais forte, mas quanto mais acelerava mais Geribaldo afundava na areia fina e fofa.
           Conclusão, tivemos que pernoitar, dentro do fusquinha. E logo que o dia amanheceu, cavamos com as mãos as areias que prendiam as rodas, enchemos os buracos feitos com pedras e palhas de coqueiros, que abundavam por lá, e conseguimos finalmente pegar o caminho de volta.
           Mas o que dizer para os pais da menina? Como explicar aquela noite fora de casa? Bom, isso eu vou deixar para outra crônica, Até porque , cabeça de cronista não é de ferro.
           Só sei dizer, que os anos que passei com aquele Fusquinha 1961, foram inesquecíveis ! Parece que ele me entendia quando estava chateado, e baixava lentamente o ronco do motor para decibéis menos agressivos, e deixando-se pilotar, me levava pelas ruas mal iluminadas do subúrbio carioca.
           “My love for you, is deep and endless as the sea. Strong and mighty as a tree, my love for you”…E cantando lá íamos eu, e o Geribaudo.
           

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FATOS ESTRANHOS



           Cronistas são assim mesmo, como verdadeiros espiões do cotidiano vivemos fuçando aqui e ali, fatos que mereçam ser contados aos nossos leitores.
Claro, que acrescentamos um pouco da nossa criatividade, um pouco de lirismo, uma boa pitada de humor e, até quando dá, um pouco de mistério.
           Na maioria das vezes, fatos de nossas próprias vidas, das nossas experiências, são o prato principal, para verdadeiras obras primas, que às vezes nos informam sobre hábitos regionais, nos encantam pela criatividade poética e, em muitas ocasiões nos fazem morrer de rir.
           Temos aqui em nosso Recanto, alguns especialistas nestas aventuras literárias, e eu modestamente tento me igualar a estas figuras exponenciais de nosso querido cantinho, e para tanto passo a contar um fato verídico, que aconteceu comigo há muitos anos atrás.
           Os que teimam em acompanhar os meus textos, devem ter notado que eu tenho uma verdadeira fixação pela lua, pela madrugada e pela solidão, talvez por ter sido filho único, ou por algum complexo inexplicável.
           E por ser amante das madrugadas enluaradas, tinha a mania de vaguear pelas praias, a pé e sozinho, admirando a lua derramando seus raios prateados pelas ondas que deliciadas molhavam meus pés descalços.
            Em uma dessas solitárias incursões, de longe, junto às pedras, avistei um vulto de mulher sentada, da qual fui me aproximando lentamente até perceber uma linda cabeleira negra que adornava um belo rosto com semblante um tanto enigmático. Malandramente lhe fiz um galanteio e, como ela nada disse, apenas sorriu, sentei-me ao seu lado e tentei da melhor forma possível entabular uma conversa meio sem graça.
           Para a minha maior surpresa e satisfação, ela de repente, olhou-me nos olhos e sem o menor constrangimento, beijou-me com tal voracidade e desejo, que me encheu de um tezão enorme, e sem que eu tivesse controle da situação, minhas roupas foram quase arrancadas do meu corpo suado, e num estado quase febril, nossos corpos se acoplaram, como se fossemos o côncavo e o convexo, e nos amamos freneticamente, como se nossas vidas dependesse exclusivamente disso para continuarmos a existir. Acordei do êxtase e a vi deitada, com seus cabelos compridos encobrindo os pequenos seios ainda entumecidos pelo desejo e  afloravam entre eles. Com uma voz um pouco rouca disse-me que estava com muita sede, e pediu-me que lhe arranjasse um pouco d’agua. Lembrei-me que havia passado por um quiosque, a uns duzentos metros de distância. Vesti-me apressadamente, beijei seus lábios entreabertos e rapidamente dirigi-me quase correndo ao quiosque e pedi uma garrafinha de agua mineral sem gás, paguei e voltei apressado.
           A lua, talvez encabulada pelas cenas fortes que acabara de assistir, estava meio rosto escondida, atrás de uma nuvem, dificultando um pouco a visão da minha inesperada amante. Fui me aproximando devagar, e para a minha surpresa, não conseguia enxergá-la. Talvez esteja entre as pedras? pensei, já um tanto aflito. Em vão procurei por longos e intermináveis minutos. Achei suas pegadas na areia que se encaminhavam para o mar e, simplesmente desaparecia.  Amei um ser mitológico?

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

PEDIDO IMPOSSÍVEL


     Dia desses, lendo um livro de Alberto Cury “O vendedor de sonhos e a revolução dos anônimos”, onde ele reflete e denuncia as loucuras do sistema social. E como um Messias moderno, durante a sua caminhada, ele vai chamando diversos personagens que ele chama de discípulos, que são do tipo: desvairados excêntricos, complexos e confusos. E é através das peripécias de um desses personagens, “o desvairado”, que numa reunião de mulheres onde ele tenta cativá-las com os maiores elogios, e querendo provar a sua supremacia, passa a contar a seguinte história:
    - Certa feita, estava passeando numa bela praia em Miami, pensando nos mistérios da vida. De súbito, apareceu uma garrafa deslumbrante trazida dos confins do Atlântico. Como todo pensador dotado de curiosidade, eu a abri. Ah!. Quem saiu de lá? Um gênio da garrafa. Mas era um gênio diferente. Era estressado, agitado, irritado. Tão impaciente era o gênio, que apressadamente me disse: “três desejos, e atendo somente a um! Mas vamos logo que tenho que ir ao terapeuta”. O mundo dos gênios também tinha se tornado um grande hospital psiquiátrico como o nosso. Aproveitando a oportunidade que me foi dada, fui logo pedindo. “Quero conhecer Cuba”.
     -“Conhecer Cuba? Só isso? Perguntou o gênio querendo se livrar logo de mim”.
    -“Sim quero conhecer Cuba, maaaas... tenho medo de avião, de navio. Portanto, quero que você construa uma ponte de Miami até Cuba!
   -“O que? Uma ponte tão grande? Você quer me enfartar, tenha paciência, não sou bom de engenharia, e pontes costumam dar muito trabalho”. Impaciente pediu que eu anunciasse o segundo desejo, para me atender e cair fora. “E reafirmou, lembre-se que eu só atendo a um pedido”.
  Então falei sobre um desejo que todos os políticos, executivos e economistas sonham em realizar Disse-lhe: “Desejo saber como funciona a economia mundial, qual a sua lógica, e como prevenir as crises”. Ao ouvir meu segundo desejo o gênio começou a somatizar sua ansiedade, teve cólicas intestinais, e apertando a barriga, disse irritado. “Fale qual é o terceiro desejo. E rápido”. Então, pessoal num golpe de extrema lucidez, anunciei o meu terceiro desejo. Um desejo que todos os pensadores e filósofos de todas as eras sonhavam em realizar.
   “Fale logo! fale logo!”, “disse o gênio ansioso”. Fitei nos olhos dele e lhe disse: “Gênio, meu desejo é simples. Desejo conhecer a mente das mulheres”!. Ao ouvir o meu terceiro desejo, dei um golpe fatal no gênio, suas cólicas intestinais aumentaram tanto que ele começou a ter uns nós. Gemendo e quase sem respirar me disse. “Você quer a ponte para Cuba com pista simples ou dupla, com jardim nas laterais e restaurantes”?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

VELHOS CARNAVAIS


Num dia destes estava lendo uma crônica de Arnaldo Jabor, diga-se de passagem, de quem sou fã de carteirinha e Taxa de manutenção em dia, na qual ele falava sobre a saudade dos antigos carnavais que segundo ele, começaram a acabar com a proibição dos lança-perfumes, e com seu parafraseado inconfundível comenta: “o seu perfume flutuava pelas avenidas e crescia como uma nuvem de felicidade salpicada de pontos coloridos de confete e rasgada por serpentinas, envolvendo tudo numa espécie de ar condicionado com flores invisíveis” e continua nos remetendo para vários anos atrás, quando o carnaval ainda tinha aquela inocência dos pierrôs e colombinas, dos palhaços e do Clown (Clovis) e ai ele cita os Clovis de Santa Cruz e pergunta se ainda existem; E eu respondo melancólico e saudoso, existem sim meu caro Jabor, não com aquela alegria de antigamente e nem por causa do efeito atordoador dos lança-perfumes que já não mais existem, até porque os daqui são mais da cachaça e do traçado, mas voltando a vaca fria, isto é, a lança fria que você tão bem relembra como aquela Rodouro de metal dourado que você chama de símbolo do carnaval, dela na realidade só me lembro do perfume e da reação (frisson) que causavam nas moças da época quando atingidas com pontaria certeira, no pescoço ou nas costas pouco desnudas das mocinhas. Mas, apesar da verdadeira invasão de Santa Cruz, ocasionada pelos gigantescos conjuntos habitacionais que os governos estaduais teimam em nos presentear as dezenas, sem a devida estrutura, sem um hospital bem preparado, sem escolas, sem trabalho.
Alguns Santacruzanos de origem e agregados, ainda tentam manter a tradição dos Clovis com suas calças muito largas e fofas, de cetim e cores berrantes, suas casacas pretas adornadas de espelhos, lantejoulas e arminho branco, com aquela máscara característica de pierrô apaixonado. Hoje já não existe mais o carnaval na praça da Felipe Cardoso que é a nossa Avenida principal, pois em virtude da insegurança, o carnaval de Santa Cruz foi se encolhendo para os bairros onde todo mundo conhece todo mundo, tirando a liberdade do desconhecido e da conquista que a orgia propiciava. Concordo que com o nosso saudosismo acabamos louvando o atraso, mas naquele atraso havia ainda uma preciosa alma brasileira, um ritmo humano de esperança que se via não só no carnaval, mas no futebol, esperança que se via no estribo dos bondes, nos botecos, nos caixotes dos bicheiros nas ruas, nas cadeiras nas calçadas, (que por aqui ainda se vê) e até nas favelas líricas e sem drogas. Por aqui, tenho saudades dos lençóis que forravam o gramado dos jardins da Avenida principal  para que as famílias assistissem o carnaval de rua, que ia até alta madrugada, do bloco da crítica, do bloco de índios confeccionados com penas de espanador, e daqueles Clovis antigos, com bexigas de boi que fedia pra caramba, mas não feria ninguém e fazia um barulho surdo inconfundível.
Hoje o nosso carnaval ainda é uma festa popular, mas concordo que falta Braguinha, Lamartine, Zé Queti, falta confete e serpentina e por aqui faltam principalmente às fantasias, de caveira, carão, pai João, burro, morcego, diabinho, das meninas fantasiadas de carrasco, que enfeitavam o carnaval suburbano que era eminentemente o chamado carnaval de rua, o carnaval de sujo, o verdadeiro carnaval popular com sua magia colorida e a inocência do carnaval suburbano que era aguardado com ansiedade durante o ano todo. 

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Corrida pela Vida



            Na grande maratona da existência, como carneiros assustados vamos nos apertando, empurrando para chegarmos na frente, para sermos os primeiros. Mas para chegar onde? Será que a resposta está em sermos os mais inteligentes, os mais brilhantes, os de maior sucesso social, ou talvez os que consigam amealhar grandes riquezas e muitos bens materiais? E aonde isto iria nos levar?
            Felizmente estas questões estão cada vez mais incomodando o ser humano. Será que os mais ricos e os de maior sucesso, realmente alcançam a felicidade plena?  Será que a felicidade está nos bens que possuímos ou no sucesso que conseguimos? Vejamos o caso de algumas pessoas que trabalham a vida toda e conseguem com muito esforço possuir muitos bens materiais, tais como, apartamentos, casas, automóveis e tão sonhada Fazenda, onde vão passar as férias e os fins de semana, para pescarem ou dormirem na rede na varanda. Enquanto isto, no mesmo lugar, um morador da localidade, pobre, já faz isto todos os dias sem gastar nada.
            Fatos como este, só vem nos provar que a tão sonhada felicidade não está nos bens materiais e sim nas coisas mais simples que nos trás felicidade e paz. Parece que a felicidade já nasce dentro de nós e que se a buscarmos, com certeza nós a encontraremos. Outras pessoas vivem reclamando da sua sorte e que o fardo que carregam é pesado demais; Outras carregam o seu fardo sem reclamar e nem se apercebem dele, fazendo com isto o seu fardo mais leve, como se não existisse.
            Parece que no final das contas, não é a busca da felicidade que nos torna mais felizes ou infelizes e sim a capacidade de vivermos uma vida mais simplificada, sem complicações, viver sem sentimentos como ódio, inveja e outros sentimentos menores. É sabermos aproveitar a cada minuto como se fosse o último de nossas vidas, pois cada minuto perdido fica no passado, não volta mais.
            Enfim, vamos tentar viver as nossas vidas sem reclamar, sem complicar, vamos tentar aproveitar todas as coisas belas deixadas pelo Criador, como um belo entardecer, o ruído de um riacho que desliza suavemente entre as pedras, no canto dos passarinhos, nas deslumbrantes cores das flores do campo em sua simplicidade; Elas estão a nossa volta, em todos os lugares, é só aproveitar.
            Em sendo assim com certeza estaremos aptos a receber a herança prometida pelo Pai e garantida pelo sacrifício do filho e vivermos na Canaã celestial a felicidade plena e eterna.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Quinto Elemento


Deus criou o mundo em seis dias. Segundo a Bíblia no livro de Gênesis cap 1:1 - “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Pronto, foram criados os dois primeiros elementos, terra e ar. Os outros dois elementos provavelmente foram subseqüentes, água e fogo. Depois Deus foi criando o dia e a noite, os mares, os oceanos, as terras secas, criou também toda a flora e fauna com toda a exuberância e beleza. Em Gênesis cap 1:3l - diz o seguinte: “Viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom”. Isto se deu no sexto dia da criação, depois de haver abençoado a sua obra, no sétimo dia descansou.
Está bem claro que Deus havia criado um verdadeiro paraíso.     Rios e lagos, árvores frutíferas em abundância, aves e animais de todas espécies e beleza.
Mas estava faltando alguma coisa, um personagem que pudesse aproveitar toda esta fartura e encantamento. E foi por isto que Deus criou o primeiro homem a sua imagem e semelhança. Vendo Deus, que o homem estava solitário e triste, criou para ele uma companheira, que lhe fizesse companhia, lhe desse prazer e gozo, e aí foi criada a primeira mulher, e daí começou a encrenca. Por causa dela o homem perdeu o paraíso e teve que trabalhar como um louco para sustentar a dita cuja e a sua prole que começava a aumentar. Vendo Deus que a coisa ia de mal a pior, para amenizar a situação resolveu criar então o quinto elemento que chamou de amor, que seria um sentimento puro, de entrega total, que nada exigiria em troca, somente o direito de amar simplesmente. Mas a mulher mais uma vez, conseguiu estragar com a coisa, inventou o ciúme, a inveja, a desconfiança.
Não concordo muito (se é que posso...) com o famoso cronista Arnaldo Jabour, quando numa crônica, que até virou musica, comenta a diferença entre o amor e o sexo, pois na minha modesta opinião, os dois são complemento do outro, assim como o hidrogênio e o oxigênio, quando combinados na medida exata, formam o elemento água, que como o amor são imprescindíveis a vida humana, e que apesar dos estragos causados pelas artimanhas da mulher, o amor é o responsável pelos momentos mais reconfortantes e prazerosos da vida do homem. Mas a mulher também tem o importante papel de procriar, apesar dos esforços dos cientistas que insistem em achar meios mecânicos para fazerem isso, ainda bem que até agora não conseguiram. Bem vamos aproveitar enquanto não inventam a pílula do prazer total e do gozo interminável e continuemos com o método antigo, que além do prazer do toque, do cheiro e do gosto, ainda é o preferido pelos mais veteranos, assim como nós...

Vida Dura



            A grande vantagem de ser carioca, é que quase todos os caminhos levam ao mar.
Parece que a brisa marinha, o cheiro de sal e som das ondas se entrechocando com as pedras ou simplesmente trocando carícias com a areia, renova as forças e a esperança e encoraja aos cariocas a prosseguirem fugindo das balas perdidas e sutilmente evitando maiores contatos com a polícia, pois tudo isso acaba num chope gelado, numa caipirinha, ou até praqueles que preferem, numa deliciosa e refrescante água de coco, tudo isso acompanhado com umas linguicinhas fritas, batatinhas idem, ou com a tão conhecida porção de queijos.
Mas se seus receptores olfativos já estiverem saturados de sol, sal e mar e seus olhos estiverem enjoados de verem as garotas de Ipanema com seus biquínis sumários e sua pele morena, se você estiver de saco cheio de tanto ir ao Maracanã, e de ver o bondinho do Pão de Açúcar subir e descer todos os dias e também ver o Cristo Redentor de braços abertos, abençoando a vida dos habitantes desta cidade, você tem a opção de subir a serra em direção a cidades como Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, ou aqui um pouco mais perto, a Miguel Pereira ou Penedo, e gozar da delícia de respirar um oxigênio puro, de um friozinho gostoso e provar da cozinha de tendência europeia e encarar uma Paella à Valenciana ou talvez uma truta com amêndoas, bebericando uma taça de vinho tinto encorpado e de boa safra.
Mas se você já está entediado com está vidinha monótona, com a falta do que fazer nesta cidade enfadonha, recheada de museus, teatros, casas de cultura, casas noturnas e barzinhos da moda; E se saltar da pedra da gávea de asa delta já não enche de adrenalina o seu espírito aventureiro, então só tem um jeito, direcione o seu carro em direção á baixada fluminense, encare a princípio as ruas calçadas com paralelepípedos, os enormes buracos, as ruas sem calçamento nenhum, as valas negras, os lamaçais intransponíveis, os animais soltos pela rua, os terrenos cheios de lixo e entulho, tudo isso coalhado de criancinhas peladas, correndo de lá pra cá, atrás de uma pipa “vuada” ou fazendo um racha com uma bola de borracha no meio da rua. 
Isso certamente fará você voltar correndo pra sua vidinha chata e monótona de carioca da gema.

Ser ou não ser...


Eles agora estão saindo dos seus armários virtuais! Pessoalmente respeito o fato de assumirem essa condição. Na verdade é realmente difícil alguém assumir em publico isso. Dizer: “sou, eu assumo”, entrar sem receio nos lugares, não digo restritos, mas em todos os lugares, como praias, bares, restaurantes e shoppings.
Os tempos finalmente estão mudando e estamos aprendendo que a felicidade independe das diferentes condições, e por que não dizer, opções do homem, nem aceitas pela maioria burra.
Eu mesmo devo admitir que sou. Sim, tudo começou a acontecer logo após o meu casamento, sem que eu percebesse de pronto, e foi acontecendo, acontecendo até que eu não tivesse mais controle sobre o fato.
Foi uma fase difícil na minha vida, onde lidei com um “eu” diferente, novo, menos aceito na sociedade, menos aceito inclusive por mim mesmo. Sim, eu sou.
Há quem não acredite na reversão para essa condição, mas acreditem existe, conheço alguns que realmente conseguiram. Eu não mudei, não consegui reverter o quadro e hoje estou bem como “quase ex”. E não me importo em andar na companhia de quem também é. E pasmem, acho que a maioria das pessoas tem a tendência a ser.
Tal condição recebe diferentes tratamentos, apelidos, etc. Alguns lidam como se fosse uma doença. Outros preferem insinuar que é pecado. Tem os que acham que é mera opção, os que acreditam ser genético e em algumas regiões é tratado como epidemia e já merecem especial atenção dos governantes.
Enfim, o que importa é que saibamos viver em harmonia, sem preconceitos de credo, cor, opção sexual e principalmente do assunto em pauta nesse desabafo. A obesidade!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Operação Liberdade


        O mundo se desfaz ao nosso redor em guerras biológicas e químicas, ou em doces venenos adquiridos nas esquinas de nossas cidades, e nós, placidamente assistindo tudo, como se fosse o último lançamento de um filme de Spielberg.
Milhares de bombas e milhões de dólares investidos com a única finalidade de matar e destruir; E nós continuamos a assistir fascinados, emitindo opiniões “abalizadas” em falsos conceitos morais ou comprados em bancas de jornal, opiniões pré-estabelecidas e tendenciosas. Até quando deixaremos nossas cômodas posições de espectadores privilegiados, para assistirmos o mundo se destruir á frente de nossos aparelhos de televisão equipados com home theater, slow motion e terceira dimensão e sentir a mesma sensação de um treinado piloto de um moderno avião de caça ao se fixar no alvo e apertar o botão assassino como se fosse um simples jogo de vídeo game. Até quando os tratados internacionais vão ser desrespeitados em nome de uma liberdade direcionada aos interesses dos poderosos, escudados atrás de falsas alegações e em nome de uma Democracia hipócrita.
        Será suficiente e eficaz, formarmos passeatas de protesto, com faixas e cartazes de “Guerra não” e queimarmos algumas bandeiras americanas em frente a uma Embaixada fria e eqüidistante? Hoje, sabemos que o real motivo desta guerra, não é somente política ou religiosa, mas está diretamente ligada ao controle do petróleo, vital para movimentar a poderosa nação que o sugará como um vampiro sedento de sangue de milhares de inocentes.
        Por aqui, terra onde tem palmeiras que ainda canta o sabiá, embora quase em extinção, temos também nossas reservas do ouro negro, enormes reservas de recursos minerais ainda a serem descobertos e explorados; A nossa floresta Amazônica, que certamente já está debaixo dos olhos cobiçosos da grande águia e já tão devastada pela ganância desenfreada, e sem falar nos nossos recursos hídricos, que num futuro bem próximo, serão a fonte de água potável deste mundo tão maltratado. Quando chegará a nossa vez? Qual será a alegação a ser usada então, para que se justifique uma invasão nas terras onde as palmeiras são banhadas por um sol morno dos trópicos e os sabiás ainda cantam? Talvez seja, porque as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Busca.


Quisera eu um dia ser capaz de escrever a poesia definitiva e concreta, que satisfaça o meu ego insaciável na busca da poesia plena e inquestionável, não aprisionada a aridez da métrica e completamente independente dos perversos grilhões da rima; Uma poesia substantiva que falasse sobre a complexidade da vida e a simplicidade da morte, que descrevesse com singela beleza coisas simples, tais como escreveu Sheakspeare ao dizer: “O vento sentado no mastro, enfunava as velas docemente”; Ou conseguir enxergar “a terra que gemia de prazer ao ser pisoteada pelos cascos dos corcéis em louca disparada”, de Guimarães Rosa; Quisera me livrar dos adjetivos estéreis e massificantes, dos personagens conhecidos e das imagens repetitivas, da poesia equacionada e lógica. Quisera ver o mundo com todas as cores e matizes como os da criação, não um mundo cor de rosa ou cor de chumbo, contrastes amplamente conhecidos e divulgados; Quisera ver um mundo diferente, de uma forma terna e simples, mas substantiva, de um lirismo insano, mas insofismável, quisera ver o mundo como somente os loucos e os verdadeiros poetas vêem.

Sonho Impossivel?


                                                                                                               
            Noutro dia dormindo como de hábito, isto é, como uma pedra, lá pelas tantas da madrugada, comecei a sonhar que estava acordado, com uma insônia de fazer inveja a guarda de presídio de segurança máxima, aliás, com Fernandinho Beira-mar lá dentro. E como todo cara com insônia que se preze, rolava de um lado para outro da cama sem conseguir achar o sono perdido, até que num rasgo de inteligência genial, tive a original ideia de contar carneirinhos para ver se o maldito sono chegava. Como todos os carneirinhos de desenhos animados, os meus também eram branquinhos e apareciam saltitantes num gramado verdinho e pulavam uma cerca de madeira também branquinha, um a um e desapareciam por trás das cortinas do meu cérebro. Estava eu, lá pelos trezentos e tantos carneirinhos, quando um deles com cara de carneirinho sindicalista, empacou e não pulou a cerca, e com as mãos na cinturinha peluda, (aliás, gesto que na hora achei não muito digno de um carneiro para aparecer no meu sonho), começou a convencer ao carneirinho que vinha logo atrás dele que não pulasse também. Logo, logo, vários carneirinhos já estavam agrupados, e o carneirinho sindicalista apressou-se em subir na cerca de madeira e começou a balir em autos brados, (será que isto está certo?) sobre a vida absurda dos explorados carneirinhos dos sonhos destes seres humanos que não tem coisa melhor que fazer do que contar carneirinhos para dormirem.
            Nem é preciso dizer, que eu acordei assustado com toda aquela confusão, e totalmente desperto, custei um pouco para perceber que na realidade eu tinha tido um sonho engraçado e bastante inusitado e com isto, tinha conseguido na realidade uma bela e realíssima insônia. E como todo o cara com insônia que se preze, comecei rolar de um lado para outro da cama, até que de novo resolvi contar carneirinhos para ver se o sono chegava. Consegui visualizar o gramado verdinho e a cerca de madeira branquinha, mas, cadê os carneirinhos que não havia meio de aparecerem. Eu acho, que o carneirinho sindicalista acabou por convencer aos outros a entrarem em greve por tempo indeterminado;
            Soube mais tarde, em outro sonho, que eles já tinham fundado a CUCT, (Central única de carneirinhos trabalhadores) e tinham como reivindicações principais, melhores condições de trabalho, isto é, que as cercas dos sonhos fossem mais baixas, férias, 13º salário e adicional noturno, porque afinal de contas, geralmente só trabalhavam à noite.

Poema de um sobrevivente


Não consigo entender como falar de amor como o “sentimento maior”, se as pessoas pensam que ele pode ser adquirido como um vírus da dengue ou pode ser achado ou comprado num shopping, na farmácia, ou até mesmo numa destas lojas de conveniência, e pode ser pago à vista, ou no cartão de credito em três vezes sem nenhum acréscimo. O amor que eu conheço, tem que ser conquistado a guisa de um esforço enorme e reforçado dia a dia com palavras de afeto e gestos de muito carinho, e não um sentimento que pode ser descartado depois de ser usado e abusado.
            Não suporto mais ouvir falar em Constituição, Leis, Códigos Penais, Civis e outros códigos e leis, que acho, foram feitas unicamente com a finalidade de serem desrespeitadas, infringidas, burladas, esquecidas; Até que a total falta de Leis, vire a única Lei vigente e insofismável.
            Não aguento mais ouvir falar de política ou de políticos com suas cabeças estéreis e de seus projetos inconsistente, inconsequentes; E quando viram Leis são Leis, idem, idem, idem...
            Não consigo lembrar do passado como algo que tenha alguma ligação com o presente e muito menos com o futuro, se é que ele existe, pois o futuro é abstrato, ainda vai existir. Como posso entender a história, se eu não vivi o presente do passado e não consigo acreditar nas estórias de um pretérito perfeito, ou muito menos em um pretérito mais que perfeito. Como posso aconselhar a alguém, se eu mesmo não sei lidar muito bem com esta vida sem parâmetros, sem estrutura definida e sem conceitos aceitáveis e unânimes.
            Fica quase impossível entender este pequeno grande mundo da globalização, da Internet, dos celulares, dos CDs, dos Dvds, dos clones. Não sei mais se devo fazer um Down Load, ou devo dar um imput, para reiniciar a minha máquina, que de tão sobrecarregada de informações, precisa urgentemente ser passado em mim, um Scam Disk, para rearrumar meus neurônios que totalmente desorientados, já andam se esbarrando; Ou se devo me utilizar emuladores como remédios eficazes não sei bem pra que. A verdade é que já pensei em delatar-me num suicídio cibernético espetacular e viver como uma sucata de computador, sem serventia. Um simples vegetal eletrônico e virtual.