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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DO PRIMEIRO FUSCA NINGUÉM SE ESQUECE



                       Foi lá pelos anos de 1963 que eu consegui ter o meu primeiro Fusca. Tinha 19 anos de idade então. Já tinha um emprego, estudava a noite na Universidade Estácio da Sá. Aquela, a pioneira que ficava na Rua do Bispo nº 83 lá no Rio Comprido.
            Eu tinha a mania de colocar apelidos nos meus carros, e o apelido do meu primeiro fusquinha era Geribaudo. Porque Geribaudo? Não sei, só sei te dizer que o meu fusquinha era de arrasar. Não tinha a cor de fábrica, mandei pintar de café metalizado, coloquei pneus mais largos na traseira, tinha bancos reclináveis e um rádio AM-FM com alto-falantes na frente e quatro na traseira. Alcançava a incrível velocidade de 120 km/h. Acho que somente o nosso Rubinho Barrichello seria capaz de pilotá-lo.
           Ah, mas se ele conseguisse falar, eu estaria perdido. O que aquele fusquinha presenciou nos seus bancos traseiros, os lugares que ele entrou, as pessoas que ele mansamente carregou, cara! daria para escrever um livro. Um livro só não. Uma enciclopédia.
           Certa vez, levei uma namoradinha para a bucólica praia do Grumari, que naquele tempo, só se acessava por um caminhozinho de pedras, num subida íngreme, cheia de curvas para chegar naquele paraíso entre a montanha, céu e mar. Naquela época não tinha nenhuma habitação por perto. Éramos, eu e ela, e o Geribaudo como testemunha. Roupas foram desprezadas, calçados também, e o radio ligado, ouvindo Johnny Mathis, interpretando “My Love for You”. A noite enluarada parecia uma criança arteira, a nos espionar entre nuvens preguiçosas. Mas tudo que é bom, não dura para sempre. Lá pelas tantas, estafados de tanto amor, resolvemos ir embora; mas Geribaldo talvez enciumado, resolveu atolar na areia branca e fina do Grumari. Um tanto assustado, com a hora avançada, tentei sair do atoleiro acelerando mais forte, mas quanto mais acelerava mais Geribaldo afundava na areia fina e fofa.
           Conclusão, tivemos que pernoitar, dentro do fusquinha. E logo que o dia amanheceu, cavamos com as mãos as areias que prendiam as rodas, enchemos os buracos feitos com pedras e palhas de coqueiros, que abundavam por lá, e conseguimos finalmente pegar o caminho de volta.
           Mas o que dizer para os pais da menina? Como explicar aquela noite fora de casa? Bom, isso eu vou deixar para outra crônica, Até porque , cabeça de cronista não é de ferro.
           Só sei dizer, que os anos que passei com aquele Fusquinha 1961, foram inesquecíveis ! Parece que ele me entendia quando estava chateado, e baixava lentamente o ronco do motor para decibéis menos agressivos, e deixando-se pilotar, me levava pelas ruas mal iluminadas do subúrbio carioca.
           “My love for you, is deep and endless as the sea. Strong and mighty as a tree, my love for you”…E cantando lá íamos eu, e o Geribaudo.
           

3 comentários:

  1. Meu grande amigo,parece que estou te perseguindo,mas lá na minha terra costumávamos dizer que:um amigo é poutro.Não interpretes mal pensando que eu eteja te querendo menospresar ao me intitular de bagual, não! Ali é somente uma elipse de para o outro kkkkk
    Só quero que saibas que foste o melhor achado dos meus últimos tempos, com estas maravilhosas crônicas. Poucos assim as escrevem... Gostei muito do Genibaudo. O meu primeiro fusca foi depois de casado e não poude aproveitar com ele o tempo de solteiro.Espero que continues por muito tempo escrevendo essas maravilhosas crônica. Recebe com elas o meu grande abraço. Ayres.

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  2. Prezado amigo Ciro,
    Antes de tudo quero agradecer a visita que fez ao meu blog: fiquei deveras feliz pois essas visitas nos alimentam. Muito e muito obrigada.
    Agora falemos do Genibaldo. Adorei a crônica. Parece que já conhecias a paixão que sinto por fusquinhas.
    Tivemos um fusca marinho e um verde mas desfrutei muito pouco, ou quase nada, pois era o nosso "ganha pão". Ayres viajava durante a semana e no final da semana "ele" tinha que descansar. Aventuras amorosas vividas com Genibaldo , nosso fusca jamais viveu. rsrsrsrs
    A família foi ccrescendo e partimos para uma Kombi, então o final de semana era nosso. Fazíamos passeios inesquecíveis com nossos 4 filhotes.
    Agora temos um Gol que é meu companheiro de todos os momentos, pois dirijo desde garota, e Ayres tem uma Saveiro a diesel que também não a troca por nada.rsrsrs Enfim, somos dois velhos com hábitos de causar alegria e que sirvam de exemplo para nossos filhos , netos e bisnetos.
    Bom, o papo está se alongando demais, e aqui fico prometendo voltar mais vezes e desejando que o ano de 2012, seja de muita saúde, paz e amor para você e todos os familiares. Abraços

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  3. Pois é meu amigo. Fusca foi o primeiro carros da maioria da população brasileira. Comigo não foi diferente e o meu era muito lindo: vermelho, aro 13, roda larga, vidro escuro, 8 bocas de som, amplificador e ... e .. um rodstar (sei lá como se escreve). Bons tempos, boas histórias. Um abraço Ciro.

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