Tipo assim...

Tô ficando velho, outro dia tentei explicar para uns adolescentes, o que era uma máquina de escrever, nunca viram uma.

A melhor explicação que consegui. É tipo assim...Um computador que vai imprimindo enquanto você digita. Acho que não entenderam nada!

Eu sou do tempo do mimeógrafo, pra quem não sabe, é uma máquina que você colocava álcool, pra imprimir o que estava na folha matriz. Por sua vez essa matriz, precisava ser datilografada (ver “datilografia” no dicionário), na tal máquina de escrever sem a fita (O que fazia que você só descobrisse os erros depois do trabalho feito), com o papel carbono invertido.

Já sei, já sei, continuam não entendendo nada. Pois se quiserem depois procurem na Internet algo sobre máquinas do tempo do pai de vocês.

Outro dia um amigo meu contou que o filho dele ficou aparvalhado, (olha só o termo que acabei de usar), desculpem, isto quer dizer espantado, quando viu um telefone de discar, sabe telefone de discar?

É do tipo assim, um aparelho sem teclas, geralmente preto, com um disco no meio, todo furado, onde cada furo corresponde a um número, você enfia o dedo no buraco correspondente ao algarismo que você quer discar (Ato de fazer rodar o disco), gira o disco até uma meia lua de metal e solta o negócio, que lá por dentro deve ter uma mola que faz o disco voltar à posição inicial. E depois de discado todos os números, você pode até conversar com a pessoa que está do outro lado da linha, isto é, do outro lado dos fios que fazem com que as ligações sejam completadas; Espero que tenham entendido.

Tá bom, eu sou do tempo, que o vidro do carro se fechava com maçaneta, e o fusca tinha estribo e quebra vento, e confesso encabulado que também usei camisa volta ao mundo e casaco de ban-lon, usei calças pantalonas, muitas calças Lee, usei gumex no cabelo e assisti também a jovem quarda, os Beatles, os Rolling Stones,  e escutei muita musica na minha radio-vitrola com disco de vinil; E não vou perder meu precioso tempo em ficar explicando o que era vitrola e nem tampouco o que era vinil.

Contei pra eles que também sou do tempo em que a tv era preto e branco e eles ficaram curiosos para saber como seria num jogo de futebol, por exemplo Brasil X Inglaterra , com as camisas canarinho e as brancas do English Team.  E o gramado em que cor aparecia? Bom claro que também fiquei um tanto enrolado, mais vai lá, era tipo assim...

Mudanças

Você já se mudou alguma vez na vida? Eu por minha vez já mudei duas vezes e posso te dizer com bastante segurança que mudar de casa é coisa complicada.  Exige planejamento, estratégia, logística e montões de caixas de papelão. A minha mulher é daquele tipo organizada que etiqueta as respectivas, numera e coloca em letras miúdas o que tem dentro, por cômodo e lado do armário que irá ficar, por exemplo: caixa 3 - Aparelho de jantar, sala, buffet lado direito. E para tanto posso te afirmar que são necessárias, muitas, muitas caixas. E é nisso que a tua vida se resume em um mês antes da maldita mudança, arranjar caixas de papelão a qualquer custo, e é só o que você pensa o dia todo, para todo o lugar que olhe você só vê caixas de papelão que te serviriam, vira uma verdadeira obsessão, e quanto maiores melhor, dizia minha mulher, pois cabem mais coisas. Cheguei a pensar em comprar uma geladeira nova só por causa da caixa, mais descobri felizmente que estava indo longe demais. E você nem de perto imagina, quanta coisa acumulou dentro de casa, quantos objetos inúteis ou pelo menos não necessários, e o que é pior, o que fazer com eles, jogar fora nem pensar ralhava a minha mulher em alto e bom som. Eu sei que mudança é um negócio bastante complicado. Como será que esses povos nômades conseguem? Até porque achar caixas no deserto não deve ser nada fácil.

Certa vez, quando minha filha estava para casar, e estava arrumando o seu minúsculo apartamento, lá estava eu, pronto para ajudar no que fosse preciso. Mas antes é necessário que se diga, que o bandido do apartamento, era num prédio de apenas dois andares, e o dela tinha que ser no segundo andar, portanto sem elevador, com uma escada estreita que dobrava para a esquerda logo após o primeiro lance. Para levar lá para cima a geladeira e o freezer foi uma coisa digna de figurar numa dessas pegadinhas que aparecem na televisão.  O jogo de sofás, que eram confortáveis e, portanto grandes e balofos, só entraram pela janela, devidamente amarrados com cordas. Foi uma verdadeira aventura. E só não havia caixas, pois elas vieram depois do casamento em forma presentes e do enxoval e dos objetos pessoais dos noivos.

Eu acho que foi por isso que houve a guerra do Iraque, pois o Bush não deve ter dado tempo para o Saddam, arranjar caixas para se mudar, pois eu sozinho levei duas semanas, imaginem uma cara que tinha vários palácios, quadros, tapetes persas, talvez até uma lâmpada de Aladim, muitas mulheres e, portanto muitos filhos e muitos brinquedos, pois filhos de ditadores também brincam.

Escolha errada.

           Já é uma tradição entre os povos, escolher mal, isto é, votar por interesses próprios, votar no amigo do amigo, votar no espírita, no católico ou no evangélico, ou simplesmente votar na oposição para tentar mudanças, sem uma analise mais profunda das propostas de cada candidato, ou de cada partido político. Em virtude desta total falta de conhecimento político, e, por conseguinte, fruto da escolha de pessoas erradas para exercerem cargos para que não estão capacitadas, as nações vêm sofrendo rombos sucessivos em todos os setores públicos e privados, escândalos atrás de escândalos são averiguados por Procuradores venais e juizes suspeitos, sem que verdadeiramente se chegue aos culpados e sem que os bens amealhados voltem aos cofres públicos e os culpados parem finalmente atrás das grades. A coisa tem tomado proporções à beira do mais absoluto caos, pois as primeiras paginas dos jornais do país, só estampam casos de corrupção e falcatruas em todos os níveis da vida pública.

            Conjecturando sobre o quadro tão assustador que nos é apresentado todos os dias através dos jornais e da televisão, processo iniciado por uma escolha errada de homens que não estariam preparados para executarem determinadas tarefas nem assumirem determinadas responsabilidades. Fica bem claro que a culpa nos cabe, por ter escolhido mal, a este ou aquele individuo, para exercer um cargo sem que estivesse capacitado ou devidamente envolvido com as responsabilidades inerentes as suas aptidões e interesses reais.

            Em virtude disto, o meu pensamento me levou a mais ou menos 2.000 anos atrás, quando um povo teve a oportunidade de escolher entre dois homens, presos pelos soldados romanos, qual deles seria libertado, isto é, receberia o indulto do governador da província, pela passagem da festa da Páscoa judaica, como era de costume na época.

            Um era um judeu relativamente jovem, com trinta e três anos de idade, de idéias socialistas, que pregava a divisão justa da renda e falava sobre reforma agrária, que pregava acima de tudo sobre o amor, sobre o bem e a necessidade de amar ao próximo e sobre o perdão; Que não prometia mundos e fundos nesta vida, mas falava de uma vida após á morte, esta sim, para aquele que nele cresse, seria herdeiro da vida eterna.

            O outro homem era um baderneiro, um malfeitor, uma espécie de revolucionário mal intencionado, já há bastante tempo procurado pelos soldados romanos e finalmente colocado atrás das grades. O governador daquela província, embora intranqüilo pela noite mal dormida, colocou a questão ao povo para que a resolvesse, já que por imposição do próprio povo, aquele primeiro homem tivesse sido preso, mesmo tendo a certeza que ele nada teria feito para merecer aquele injusto tratamento, deixou a decisão ser tomada pelo povo e perguntou: Qual dos dois quereis que vos solte? Responderam eles: Barrabas. Replicou-lhes Pilatos: Que farei então com Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado, responderam todos.