Sejam Bem Vindos!

Que todos que por aqui passarem, possam conhecer um pouco de mim.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

PEDIDO IMPOSSÍVEL


     Dia desses, lendo um livro de Alberto Cury “O vendedor de sonhos e a revolução dos anônimos”, onde ele reflete e denuncia as loucuras do sistema social. E como um Messias moderno, durante a sua caminhada, ele vai chamando diversos personagens que ele chama de discípulos, que são do tipo: desvairados excêntricos, complexos e confusos. E é através das peripécias de um desses personagens, “o desvairado”, que numa reunião de mulheres onde ele tenta cativá-las com os maiores elogios, e querendo provar a sua supremacia, passa a contar a seguinte história:
    - Certa feita, estava passeando numa bela praia em Miami, pensando nos mistérios da vida. De súbito, apareceu uma garrafa deslumbrante trazida dos confins do Atlântico. Como todo pensador dotado de curiosidade, eu a abri. Ah!. Quem saiu de lá? Um gênio da garrafa. Mas era um gênio diferente. Era estressado, agitado, irritado. Tão impaciente era o gênio, que apressadamente me disse: “três desejos, e atendo somente a um! Mas vamos logo que tenho que ir ao terapeuta”. O mundo dos gênios também tinha se tornado um grande hospital psiquiátrico como o nosso. Aproveitando a oportunidade que me foi dada, fui logo pedindo. “Quero conhecer Cuba”.
     -“Conhecer Cuba? Só isso? Perguntou o gênio querendo se livrar logo de mim”.
    -“Sim quero conhecer Cuba, maaaas... tenho medo de avião, de navio. Portanto, quero que você construa uma ponte de Miami até Cuba!
   -“O que? Uma ponte tão grande? Você quer me enfartar, tenha paciência, não sou bom de engenharia, e pontes costumam dar muito trabalho”. Impaciente pediu que eu anunciasse o segundo desejo, para me atender e cair fora. “E reafirmou, lembre-se que eu só atendo a um pedido”.
  Então falei sobre um desejo que todos os políticos, executivos e economistas sonham em realizar Disse-lhe: “Desejo saber como funciona a economia mundial, qual a sua lógica, e como prevenir as crises”. Ao ouvir meu segundo desejo o gênio começou a somatizar sua ansiedade, teve cólicas intestinais, e apertando a barriga, disse irritado. “Fale qual é o terceiro desejo. E rápido”. Então, pessoal num golpe de extrema lucidez, anunciei o meu terceiro desejo. Um desejo que todos os pensadores e filósofos de todas as eras sonhavam em realizar.
   “Fale logo! fale logo!”, “disse o gênio ansioso”. Fitei nos olhos dele e lhe disse: “Gênio, meu desejo é simples. Desejo conhecer a mente das mulheres”!. Ao ouvir o meu terceiro desejo, dei um golpe fatal no gênio, suas cólicas intestinais aumentaram tanto que ele começou a ter uns nós. Gemendo e quase sem respirar me disse. “Você quer a ponte para Cuba com pista simples ou dupla, com jardim nas laterais e restaurantes”?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

VELHOS CARNAVAIS


Num dia destes estava lendo uma crônica de Arnaldo Jabor, diga-se de passagem, de quem sou fã de carteirinha e Taxa de manutenção em dia, na qual ele falava sobre a saudade dos antigos carnavais que segundo ele, começaram a acabar com a proibição dos lança-perfumes, e com seu parafraseado inconfundível comenta: “o seu perfume flutuava pelas avenidas e crescia como uma nuvem de felicidade salpicada de pontos coloridos de confete e rasgada por serpentinas, envolvendo tudo numa espécie de ar condicionado com flores invisíveis” e continua nos remetendo para vários anos atrás, quando o carnaval ainda tinha aquela inocência dos pierrôs e colombinas, dos palhaços e do Clown (Clovis) e ai ele cita os Clovis de Santa Cruz e pergunta se ainda existem; E eu respondo melancólico e saudoso, existem sim meu caro Jabor, não com aquela alegria de antigamente e nem por causa do efeito atordoador dos lança-perfumes que já não mais existem, até porque os daqui são mais da cachaça e do traçado, mas voltando a vaca fria, isto é, a lança fria que você tão bem relembra como aquela Rodouro de metal dourado que você chama de símbolo do carnaval, dela na realidade só me lembro do perfume e da reação (frisson) que causavam nas moças da época quando atingidas com pontaria certeira, no pescoço ou nas costas pouco desnudas das mocinhas. Mas, apesar da verdadeira invasão de Santa Cruz, ocasionada pelos gigantescos conjuntos habitacionais que os governos estaduais teimam em nos presentear as dezenas, sem a devida estrutura, sem um hospital bem preparado, sem escolas, sem trabalho.
Alguns Santacruzanos de origem e agregados, ainda tentam manter a tradição dos Clovis com suas calças muito largas e fofas, de cetim e cores berrantes, suas casacas pretas adornadas de espelhos, lantejoulas e arminho branco, com aquela máscara característica de pierrô apaixonado. Hoje já não existe mais o carnaval na praça da Felipe Cardoso que é a nossa Avenida principal, pois em virtude da insegurança, o carnaval de Santa Cruz foi se encolhendo para os bairros onde todo mundo conhece todo mundo, tirando a liberdade do desconhecido e da conquista que a orgia propiciava. Concordo que com o nosso saudosismo acabamos louvando o atraso, mas naquele atraso havia ainda uma preciosa alma brasileira, um ritmo humano de esperança que se via não só no carnaval, mas no futebol, esperança que se via no estribo dos bondes, nos botecos, nos caixotes dos bicheiros nas ruas, nas cadeiras nas calçadas, (que por aqui ainda se vê) e até nas favelas líricas e sem drogas. Por aqui, tenho saudades dos lençóis que forravam o gramado dos jardins da Avenida principal  para que as famílias assistissem o carnaval de rua, que ia até alta madrugada, do bloco da crítica, do bloco de índios confeccionados com penas de espanador, e daqueles Clovis antigos, com bexigas de boi que fedia pra caramba, mas não feria ninguém e fazia um barulho surdo inconfundível.
Hoje o nosso carnaval ainda é uma festa popular, mas concordo que falta Braguinha, Lamartine, Zé Queti, falta confete e serpentina e por aqui faltam principalmente às fantasias, de caveira, carão, pai João, burro, morcego, diabinho, das meninas fantasiadas de carrasco, que enfeitavam o carnaval suburbano que era eminentemente o chamado carnaval de rua, o carnaval de sujo, o verdadeiro carnaval popular com sua magia colorida e a inocência do carnaval suburbano que era aguardado com ansiedade durante o ano todo.