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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

VELHOS CARNAVAIS


Num dia destes estava lendo uma crônica de Arnaldo Jabor, diga-se de passagem, de quem sou fã de carteirinha e Taxa de manutenção em dia, na qual ele falava sobre a saudade dos antigos carnavais que segundo ele, começaram a acabar com a proibição dos lança-perfumes, e com seu parafraseado inconfundível comenta: “o seu perfume flutuava pelas avenidas e crescia como uma nuvem de felicidade salpicada de pontos coloridos de confete e rasgada por serpentinas, envolvendo tudo numa espécie de ar condicionado com flores invisíveis” e continua nos remetendo para vários anos atrás, quando o carnaval ainda tinha aquela inocência dos pierrôs e colombinas, dos palhaços e do Clown (Clovis) e ai ele cita os Clovis de Santa Cruz e pergunta se ainda existem; E eu respondo melancólico e saudoso, existem sim meu caro Jabor, não com aquela alegria de antigamente e nem por causa do efeito atordoador dos lança-perfumes que já não mais existem, até porque os daqui são mais da cachaça e do traçado, mas voltando a vaca fria, isto é, a lança fria que você tão bem relembra como aquela Rodouro de metal dourado que você chama de símbolo do carnaval, dela na realidade só me lembro do perfume e da reação (frisson) que causavam nas moças da época quando atingidas com pontaria certeira, no pescoço ou nas costas pouco desnudas das mocinhas. Mas, apesar da verdadeira invasão de Santa Cruz, ocasionada pelos gigantescos conjuntos habitacionais que os governos estaduais teimam em nos presentear as dezenas, sem a devida estrutura, sem um hospital bem preparado, sem escolas, sem trabalho.
Alguns Santacruzanos de origem e agregados, ainda tentam manter a tradição dos Clovis com suas calças muito largas e fofas, de cetim e cores berrantes, suas casacas pretas adornadas de espelhos, lantejoulas e arminho branco, com aquela máscara característica de pierrô apaixonado. Hoje já não existe mais o carnaval na praça da Felipe Cardoso que é a nossa Avenida principal, pois em virtude da insegurança, o carnaval de Santa Cruz foi se encolhendo para os bairros onde todo mundo conhece todo mundo, tirando a liberdade do desconhecido e da conquista que a orgia propiciava. Concordo que com o nosso saudosismo acabamos louvando o atraso, mas naquele atraso havia ainda uma preciosa alma brasileira, um ritmo humano de esperança que se via não só no carnaval, mas no futebol, esperança que se via no estribo dos bondes, nos botecos, nos caixotes dos bicheiros nas ruas, nas cadeiras nas calçadas, (que por aqui ainda se vê) e até nas favelas líricas e sem drogas. Por aqui, tenho saudades dos lençóis que forravam o gramado dos jardins da Avenida principal  para que as famílias assistissem o carnaval de rua, que ia até alta madrugada, do bloco da crítica, do bloco de índios confeccionados com penas de espanador, e daqueles Clovis antigos, com bexigas de boi que fedia pra caramba, mas não feria ninguém e fazia um barulho surdo inconfundível.
Hoje o nosso carnaval ainda é uma festa popular, mas concordo que falta Braguinha, Lamartine, Zé Queti, falta confete e serpentina e por aqui faltam principalmente às fantasias, de caveira, carão, pai João, burro, morcego, diabinho, das meninas fantasiadas de carrasco, que enfeitavam o carnaval suburbano que era eminentemente o chamado carnaval de rua, o carnaval de sujo, o verdadeiro carnaval popular com sua magia colorida e a inocência do carnaval suburbano que era aguardado com ansiedade durante o ano todo. 

Um comentário:

  1. Lindo Dia*Ciro*Um Blog da Paz,onde me senti com o visual e a música zen,nos milênios 3000.Parabéns pela casa ,de fino gosto e aqui com certeza será compartilhada a Essência-o amor.Sucesso.Bjus\Flor*

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